Nacional

Ligação umbilical entre time e cidade forma a acolhedora Família Chapecó

Ipu Post

Dedicação e enorme carinho de funcionários da Chapecoense, de voluntários e do povo de Chapecó ajudam parentes, torcedores e visitantes a enfrentarem a dor do luto

Tragédias devastam, mas têm o poder de agregar. Chapecó viveu nesta semana os dias mais duros da sua história de 99 anos – o emocionante velório no sábado, debaixo de um temporal na Arena Condá foi o momento mais intenso. A cidade catarinense com cerca de 200 mil habitantes viu o seu grande símbolo ser atingido no coração com a queda do avião da Chapecoense, na última terça-feira, na Colômbia. A morte de 71 pessoas, incluindo 19 jogadores da Chape, grande parte da comissão técnica, dirigentes e jornalistas da região causou uma enorme comoção na população de Chapecó. Como lidar com a dor? Os chapecoenses escolheram a união, a fraternidade e o amor ao próximo. A Família Chape entrou em ação.

– A Chapecoense é uma família, a gente vive como uma família, não apenas como um clube. Os jogadores são ídolos para a torcida, mas para nós são seres humanos. Nós os encontrávamos na rua. A comoção para nós é sentir saudade dessas pessoas que a convivíamos no dia a dia. Você ia no parque e encontrava os jogadores, a mesma coisa no supermercado. Eles sempre foram muito amados e muito queridos – comentou a voluntária da equipe médica Luciana Godói. Além dela, médicos, psicólogos, terapeutas e outros especialistas abraçaram a causa com muita dedicação para amenizar a dor de todos.

Dona Ilaídes Padilha voluntária Chapecoense (Foto: David Abramvezt)
Dona Ilaídes, mãe do goleiro Danilo, é abraçada por integrante da área médica, na Arena Condá (Foto: David Abramvezt)

E não só no parque era fácil esbarrar com os jogadores. O rastro de lamento e as lembranças invadiam simples padarias, restaurantes humildes, mas bem acolhedores, e programação basicamente familiar. A pequena cidade do interior em nada lembra os grandes centros do futebol brasileiro, seja na relação jogador-torcedor ou nas tentações além das quatro linhas.

Não é apenas no estádio da Chape, vizinho da sede social do clube, que moradores e visitantes de Chapecó se sentem acolhidos. A população formada por filhos da terra e também por um bom número de gaúchos que emigraram é famosa pela receptividade e extrema atenção com o próximo.

– A cidade é sempre assim, quando é em prol de uma causa, a cidade sempre se une. Se você for atrás da história da cidade, você vai ver que a cidade sempre trabalhou em prol do próximo, como em campanhas do agasalho, como quando teve tragédia – disse a voluntária Marionice Silva Pinto, outra integrante da equipe médica.

Arena Condá Chapecoense (Foto: Amanda Kestelman)Torcedores e moradores de Chapecó fazem fila para o velório coletivo, na Arena Condá (Foto: Amanda Kestelman)

Os mais de 1.300 jornalistas de 20 países que fizeram a cobertura do velório coletivo e dos dias que o antecederam ficaram maravilhados com o afeto dispensado pelos chapecoenses. Não houve quem trabalhou de estômago vazio. O tempo inteiro, algum voluntário oferecia água e algo para comer. Nos restaurantes e hotéis do aprazível município o tratamento também era de primeira linha.

– Chapecó é uma cidade excelente para se viver e trabalhar. Quem chega se sente acolhido, se sente querido. A Família Chape não é apenas por causa da Chapecoense, toda população faz parte disso – comentou o vice-presidente do Conselho Delibrativo da Chape, Gelson Dalla Costa.

O resumo difícil do sentimento vivido nos últimos dias foi dado pelo morador da cidade e garçom Fernando Pedrahome:

– Não perdemos jogadores, o time que se dane, vamos voltar ainda mais forte. Nós perdemos amigos – completou o garçom.

*Amanda Kestelman, David Abramvezt, Diego Madruga, Felippe Costa e Janir Junior participam da cobertura em Chapecó.

INFO - acidente avião chapecoense v3 (Foto: Editoria de Arte)(Foto: Editoria de Arte)

 

Fonte: Globo Esporte

Comente com Facebook

Ipu Post