Com nova vitória sobre o Ceará, ontem, dessa vez por 1 a 0, o Fortaleza se sagrou campeão cearense pela 42ª vez na história. No agregado, o Tricolor venceu por 3 a 0 e conseguiu o segundo título da era Rogério Ceni, cinco meses após ter faturado a Série B do Brasileiro.
O gol que confirmou a ida da taça para o Pici foi marcado pelo zagueiro Roger Carvalho, logo aos 9 minutos de jogo, gerando boa margem para o Leão administrar o resultado, já que o Ceará precisaria marcar três gols para reverter a situação e ser campeão.
A partida correu da maneira que o Fortaleza precisava. O tento cedo conteve o ímpeto do Ceará, que começou a partida pressionando, e aumentou o desafio para o time de Lisca. Mesmo tentando se manter equilibrado, o técnico alvinegro sabia que uma hora teria de sair para o jogo e aproveitou a saída do volante William Oliveira, por lesão no ombro, aos 30 minutos, para colocar Roger em campo e ficar com dois centroavantes.
Contudo, o Ceará teve poucas chances reais no primeiro tempo. Afora um chute de longa distância de Leandro Carvalho, que obrigou Felipe Alves a fazer boa defesa, uma bola em que Ricardinho não conseguiu dominar cara a cara com o arqueiro do Leão e uma cabeçada de Luiz Otávio facilmente defendida, o Vovô pouco criou.
Com apenas 45 minutos para marcar três gols, o Ceará teve de ir para o tudo nada, ainda que ficasse exposto para contragolpes tricolores. A partir daí, Roger e Felipe Alves travaram batalha particular – e o goleiro tricolor levou a melhor em todas.
Na primeira, aos 7 minutos, o camisa 9 do Ceará recebeu lançamento preciso, mas errou ao tentar executar voleio. Ainda assim, a bola sobrou limpa para Samuel Xavier, que chutou em diagonal e desperdiçou. Depois disso, duas cabeçadas do centroavante exigiram elasticidade do goleiro do Leão.
Ao Tricolor restava jogar pela vantagem construída. Para correr menos riscos, Rogério Ceni decidiu reforçar o meio de campo, colocando o volante Gabriel Dias na vaga do atacante Romarinho e decidiu trocar velocistas, lançando Marcinho na vaga de Edinho.
O Ceará abusava de cruzamentos e lançamentos errados e passou a arriscar de fora da área a medida que o tempo passava. A defesa alvinegra segurava bem os contra-ataques do Fortaleza, principalmente com Luiz Otávio, que cortou muitas bolas.
Lisca tentou uma última cartada aos 35 minutos, lançando Chico e Vitor Feijão a campo, mas o efeito foi praticamente nenhum. A sensação era de que o jogo estava definido desde o começo da partida, quando a bola chutada por Edinho na cobrança de falta acertou o travessão e sobrou do lado esquerdo de Richard para Roger Carvalho desviar de peixinho para a rede.
Diferente do que aconteceu em outros estaduais, o árbitro de vídeo (VAR) não interferiu no decorrer da partida. Até mesmo nos lances em que informações precisavam ser repassadas ao árbitro principal, Anderson Daronco evitou pressões e polêmicas.
Na arquibancada, as duas torcidas fizeram um show à parte. Mosaicos – inclusive um permanente, no lado do Fortaleza, que durou a partida toda -, cânticos e incentivos não faltaram. Com o segundo tempo já correndo e o Ceará precisando de três gols, a maioria do alvinegros ainda fazia questão de dizer que acreditava. Do outro lado, tricolores aguardavam o tempo passar, com a massa tricolor fazendo coreografia com lanternas de celulares.
O público do Clássico-Rei que definiu o campeão cearense de 2019 foi o maior da competição: 42.197. Foi também a única renda milionária do Estadual (R$ 1.013.559,00).
No gramado, Rogério Ceni demonstrou ansiedade do início ao fim. Era a revanche de um título que ele perdeu ano passado com duas derrotas. Foi o terceiro título da carreira do treinador e o primeiro Estadual. Na comemoração, o ex-goleiro foi até a torcida e cantou junto uma das músicas mais entoadas pela massa tricolor.
Um dos mais emocionados com o título era Edinho. Cria da base do Fortaleza, o atacante está na terceira passagem pelo clube, mas nunca havia sido campeão estadual. “Fico feliz por ter ajudado nas duas partidas. O nosso grupo está de parabéns”, disse, tecendo muitos elogios a Ceni, depois: “Eu tenho um carinho enorme por ele, sou fã desse cara. O que ele fez no futebol é gigante e trabalhar com ele hoje é momento de felicidade”, confessou.
O presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, também estava eufórico. O dirigente evitou, no entanto, falar de futuro, alegando que queria comemorar mais um Estadual que vai para o “Parque dos Campeonatos”.
No Ceará poucos jogadores quiseram falar. Lisca também não deu coletiva e circulou no Castelão a informação de que ele foi demitido – o clube ainda não confirmou oficialmente.
Fonte: O Povo Online/ Brenno Rebouças
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